Reencontros de Música Contemporânea 2023

Em mais de 40 obras (34 de compositores vivos; 22 em estreia absoluta) que serão apresentadas na 4ª edição da bienal Reencontros de Música Contemporânea, estarão em destaque os compositores António Chagas Rosa (1960) e Helmut Lachenmann (1935), assinalando-se o centenário do nascimento de György Ligeti (1923 – 2006) entre muita música e músicos portugueses.


PROGRAMA RMC

Quinta-feira, 18 de Maio
[c1] [SE] Portugal | Japão :: 21h30 

Kuniko Kato e Nuno Aroso > percussão

Num programa composto por obras de compositores portugueses e japoneses, inclui-se a estreia absoluta de From the Journal of Delacroix [2021], uma encomenda da Arte no Tempo ao compositor António Chagas Rosa (1960), financiada pela Direcção Geral das Artes, que junta a virtuosa marimbista japonesa Kuniko Kato ao já nosso conhecido percussionista e pedagogo Nuno Aroso.



Sexta-feira, 19 de Maio
[c2] [SP] MEC + NMpNM :: 18h30

Nádia Carvalho > informática musical
Pedro Gouveia > percussão e Sidnei Rebelo > eufónio
alunos de diferentes conservatórios e academias nacionais

Mantendo a tradição de criar espaço para a apresentação de música de jovens compositores, assim como para a estreia de peças para instrumento solo e electrónica concebida para jovens músicos em formação, a bienal Reencontros de Música Contemporânea apresenta música de Cristóvão Almeida (seleccionado no âmbito da rúbrica ‘Música em Criação’) e de compositores como A. Chagas Rosa (1960), N. Trocado, N. Carvalho (1994), D. Novo Carvalho (1986), S. Azevedo (1995), O. Silva (1996), S. Marita (1999) e E. Marques (2000), que responderam a encomendas da Arte no Tempo.



Sexta-feira, 19 de Maio
[c3] [SE] Tiago Coimbra :: 21h30

Tiago Coimbra > oboé
Nádia Carvalho > informática musical

Testemunhando os genuínos esforços de Tiago Coimbra no sentido de fomentar a criação de nova música para oboé, expandido as técnicas do instrumento e promovendo a sua modernização, no recital que apresenta na bienal Reencontros de Música Contemporânea interpreta uma das peças que fez descobrir um novo oboé – a Sequenza VII de Luciano Berio (1925 - 2003) – a par da estreia absoluta de três obras para oboé e electrónica escritas para si, por Carlos Caires (1968), Daria Baiocchi (1978) e João Moreira (2004).

Programa:
• Luciano Berio (1925 - 2003) | Sequenza VII [1969] ca 8’ para oboé solo
• João Moreira (2004) | Knurren*** [2023] ca 3’ para oboé e electrónica
• Carlos Caires (1968) | One from All-in-One* [2023] ca 8’ para oboé e electrónica 
• Daria Baiocchi (1978) | Vytra*** [2023] ca 9’ para oboé e electrónica + video

* estreia absoluta; encomenda da Arte no Tempo, financiada pela Direcção Geral das Artes
*** estreia absoluta 



Sábado, 20 de Maio
[c4] [SE] duo Pinto/Fesch :: 21h30

Nuno Pinto e Gil Fesch > guitarras

Alguém que já tenha procurado uma interpretação da mítica Salut für Caudwell. Musik für zwei Gitarristen [1977/2020], de Helmut Lachenmann (1935), terá certamente encontrado um vídeo com os portugueses Gil Fesch e Nuno Pinto, que trabalharam com o compositor na preparação da sua interpretação (aliás, muito elogiada pelo próprio). Além dessa obra colossal, o duo Pinto / Fesch traz à bienal Reencontros de Música Contemporânea um programa variado em que cabem obras para duas guitarras da luso-espanhola Inés Badalo (1989) e do francês Mark Andre (1964) – antigo aluno de Lachenmann – assim como música para guitarra eléctrica da britânica Rebecca Saunders (1967) – tal como Andre, radicada na Alemanha – e do italiano Fausto Romitelli (1963 – 2004).   

Programa:
• Inés Badalo (1989) | Ki [2014] ca 3’ para duas guitarras
• Mark André (1965) | iv 14 [2014] ca 5’ para duas guitarras
• Rebecca Saunders (1967) | Study for Metal Bottle Necks [2018] ca 3’ para guitarra eléctrica 
• Fausto Romitelli (1963-2004) | Trash TV Trance [2002] ca 10’ para guitarra eléctrica 
• Helmut Lachenmann (1935) | Salut für Caudwell. Musik für zwei Gitarristen [1977/2020] ca 26’



Domingo, 21 de Maio
[c5] [SP] NMpNM :: 18h30

Rita Castro Blanco > direcção musical
Nádia Carvalho > informática musical
alunos de diferentes conservatórios e academias portugueses

Pelo sexto ano consecutivo, a Arte no Tempo promove o estágio de interpretação Nova Música para Novos Músicos, a preparação e estreia de obras para instrumento solo e electrónica, assim como para agrupamento instrumental e electrónica, criadas por compositores portugueses para jovens intérpretes ainda em formação.
Neste concerto, preparado com a preciosa colaboração dos respectivos professores de instrumento, alunos de diferentes escolas do ensino artístico especializado e do ensino profissional vêm até Aveiro estrear música de câmara de Jaime Reis (1983), Luís Salgueiro (1993) e Solange Azevedo (1995), composta por encomenda da Arte no Tempo, com financiamento da Direcção Geral das Artes, sob a direcção de Rita Castro Blanco, com assistência de Nádia Carvalho.



Quinta-feira, 25 de Maio
[c6] [SP] duo Tágide :: 21h30

Inês Simões > soprano
Daniel Godinho > piano
António Chagas Rosa > apresentação

Conhecedor da voz como poucos compositores do nosso tempo, António Chagas Rosa (1960) estudou a fundo O Livro dos Jardins Suspensos Op. 15 [1908-9], que Arnold Schönberg (1874 – 1951) escreveu com poemas de Stefan George. Neste recital que abre o segundo fim-de-semana dos 4os Reencontros de Música Contemporânea, o duo Tágide apresenta essa primeira obra atonal de Schönberg intercalada com algumas canções do ciclo Cicuta [2005], que Chagas Rosa compôs a partir de poesia de Maria Teresa Horta. Entre a contextualização que o próprio fará e a interpretação das suas canções e as de Schönberg, haverá ainda espaço para a estreia absoluta de um breve monodrama que Rúben Borges (1994) compôs em 2021 por encomenda da Arte no Tempo, com financiamento da Direcção Geral das Artes.

Programa:
• Ruben Borges (1994) | de profundis* [2021] monodrama para soprano e piano amplificado
• Arnold Schönberg (1874 - 1951) | Das Buch der hängenden Gärten [1908-9] e António Chagas Rosa (1960) | Cicuta [2005] (selecção)

* estreia absoluta; encomenda da Arte no Tempo, financiada pela Direcção Geral das Artes.



Sexta-feira, 26 de Maio
[c7] [SP] Orquestra Metropolitana de Lisboa :: 21h30

Pedro Neves > direcção musical
José Pereira > violino

No centro do programa que motiva o regresso da Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) aos Reencontros de Música Contemporânea – desta vez sob a direcção de Pedro Neves, músico cuja formação secundária foi completada no conservatório da cidade – está a estreia absoluta do Concerto para violino e orquestra que António Chagas Rosa (1960) compôs, por encomenda da Arte no Tempo, financiada pela Direcção Geral das Artes. A antecedê-lo, a OML interpreta o Concerto para Cordas em Ré menor op. 17, de Joly Braga Santos (1924 – 1988) e, a concluir o concerto, dá a escutar o Concert Românesc, de Ligeti.

Programa:
• Joly Braga Santos (1924 - 1988) | Concerto para Cordas em Ré menor op. 17 [1951] ca 17’
• António Chagas Rosa (1960) | Concerto para violino e orquestra* [2023] 
• György Ligeti (1923 - 2006) | Concert Românesc [1951] 12’

* estreia absoluta; encomenda da Arte no Tempo, financiada pela Direcção Geral das Artes



Sábado, 27 de Maio
[c8] [SP] ars ad hoc :: 21h30

Horácio Ferreira > clarinete
Gonçalo Lélis > violoncelo
João Casimiro Almeida > piano

Ao longo da temporada de 2022/23, o ars ad hoc tem dedicado especial atenção à música de Helmut Lachenmann (1935), o criador da ‘música concreta instrumental’. Neste recital, além de solos para piano e para clarinete, o ars ad hoc propõe a fruição do trio Allegro sostenuto [1987/88], obra de extrema dificuldade técnica e musical (proporcional à qualidade da composição), que circula entre a experiência d “ressonância” e o “movimento”.

Programa:
Helmut Lachenmann (1935) 
• Dal niente [1970] ca 11’ para clarinete solo
• Guero [1970-1988] ca 4’ para piano solo 
• Allegro sostenuto [1986-88] 35’ para clarinete, violoncelo e piano



Domingo, 28 de Maio
[c9] [SP] Orquestra das Beiras :: 18h30

Nuno Coelho > direcção musical
Andrea Conangla > soprano
Tiago Coimbra > oboé
Luís Salomé > saxofone

O concerto de encerramento da quarta edição da bienal Reencontros de Música Contemporânea (RMC) constitui uma rara oportunidade para ouvir, no mesmo evento, três obras concertantes.
Do tempo da pandemia de COVID-19, ficou por estrear o Concerto de Saxofone [2021] de João Carlos Pinto (1998), uma obra encomendada pela Câmara Municipal de Aveiro para os RMC de 2021, por proposta da Arte no Tempo, de que, na altura, apenas foi possível escutar algumas partes orquestrais, comentadas pelo próprio compositor.
Dos esforços conjuntos de Tiago Coimbra e da Arte no Tempo no sentido de dar ao oboé um papel mais activo na contemporaneidade, nascem não só algumas obras novas para instrumento solo, como também a edição da partitura do Concerto de Outono [1983], de Jorge Peixinho (1940 – 1995) – um dos compositores que mais se bateu no sentido de empurrar Portugal para a vanguarda musical – esperando tornar possível a sua interpretação por mais músicos e orquestras por esse mundo fora.
No dia em que se assinalam exactamente 100 anos sobre o nascimento de György Ligeti (28 de Maio de 1923 – 12 de Junho de 2006), não poderiam faltar três árias da sua “anti-anti-ópera”, sendo Ligeti o único compositor estrangeiro neste evento protagonizado por portugueses, não por se tratar da prata da casa, mas porque o nível do trabalho que desenvolvem vai ao encontro da excelência que a Arte no Tempo procura nos profissionais.

Programa:
• György Ligeti (1923 - 2006) | The Mysteries of the Macabre [1991]
• João Carlos Pinto (1998) | Concerto para saxofone**** [2021] 
• Jorge Peixinho (1940 - 1995) | Concerto de Outono [1983]

**** estreia absoluta; encomenda da Câmara Municipal de Aveiro, por proposta da Arte no Tempo